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“Ai, que estresse!”: Efeitos da Contemporaneidade

  • Foto do escritor: Raphael Pinheiro
    Raphael Pinheiro
  • 23 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

A maneira pela qual lidamos com as demandas do dia a dia explica-se a partir tanto de nossa história de vida – como superamos obstáculos, lidamos com inevitáveis frustrações/decepções, etc – quanto da compreensão de nosso momento atual – rotina, desafios, expectativas, etc.


Um dos temas mais presentes em sessões de terapia refere-se ao estresse: “ando me sentindo estressado(a)”, “minha rotina é estressante”, “meu ritmo no trabalho está muito intenso”, “meus filhos me tiram do sério”, dentre outras, são frases que apontam para a relação entre indivíduo e seu ambiente, portanto para compreendermos a origem do estresse, sempre teremos que conhecer a história atual e pregressa do paciente.


Vamos falar um pouco mais?

Origem:


A sociedade contemporânea e sua exigência crescente por eficiência e produção de capital constituiu-se como risco para a saúde mental da população. Esse aumento da pressão social por resultados e produtividade ajudou a difundir um termo emprestado da física e que atualmente é utilizado à exaustão para explicar a relação do homem com o meio em que se encontra inserido.


Hans Selye é considerado o primeiro estudioso do estresse aplicado ao sujeito. Desde então, diferentes estudos surgiram a fim de explorar não somente a questão fisiológica – de que maneira o corpo se comporta perante o estresse – como também os fatores psicológicos e ambientais envolvidos no processo.


O que é o Estresse:


De maneira simplificada, o estresse é um dos produtos da relação entre o ser humano e o ambiente, ou seja, a depender do ambiente em que o indivíduo se encontre, sua reação pode ser de maior ou menor estresse.


Determinadas situações/contextos nos exigem maior adaptabilidade. Se você já escutou a expressão “luta ou fuga”, sabe do que estou falando. Lutar ou fugir nada mais representam do que duas respostas comportamentais que uma pessoa poderia ter ao se ver em perigo, e esses comportamentos foram estimulados por reações automáticas internas do sujeito – aceleração dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, dilatação das pupilas, aumento da frequência respiratória, liberação de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea, etc. Em outras palavras, ao viver uma situação de estresse, passamos a viver uma Síndrome Geral de Adaptação (SGA).


O estresse pode nos livrar de cada situação! Antes daquela entrevista de emprego, a SGA permite que você converse com seu entrevistador de maneira mais atenta, focada e responda tudo o que foi pedido; ao levar uma fechada no transito, seu reflexo foi aprimorado e você conseguiu evitar o acidente também por causa dele. Então já digo de antemão que o estresse não é nosso inimigo.


Naturalmente, tudo em excesso para o nosso corpo também pode fazer mal, e com o estresse não é diferente. Quando comentei sobre o estresse “bom”, veja que em ambos os exemplos coube a um fator ambiental ativar nossa SGA – entrevista de emprego e fechada no trânsito. Percebeu-se assim que o fator de risco não estava atrelado à ativação dos nossos mecanismos de estresse, e sim à duração dessa necessidade de adaptação.


Fases do Estresse:

1. Fase de Alerta: caracteriza-se por uma ativação total do organismo, colocando-o em estado de prontidão. Situações pontuais podem ativar nosso alerta diversas vezes ao dia, constituindo-se como uma fase normal e necessária para lidarmos com as variações diárias;

2. Fase de Resistência: como o próprio nome sugere, caracteriza-se pela prolongada exposição do indivíduo à estímulos agressores. Pense em uma mulher que sustenta sua casa sozinha, e que há pouco mais de um ano não consegue pagar todas as contas domésticas. Nos primeiros meses, sua obrigação em alimentar seus filhos manteve ativado sua SGA, permitindo-a trabalhar mais horas por dia, dormir menos e assim por diante. Buscando adaptar-nos à nova realidade de vida, começamos a exigir mais do que nosso corpo é capaz de oferecer. É nessa fase que o estresse prolongado começa a nos fazer mal, inclusive reduzindo nossa imunidade, raciocínio etc.;


3. Fase de exaustão: chegamos ao limite do que nosso corpo suporta, e a fadiga se faz presente. Nessa fase, nosso organismo começa a falhar no combate aos elementos estressores do ambiente, podendo levar-nos a uma Síndrome de Burnout tema este que será abordado em outro post – e até mesmo a morte.


Agora que você já sabe um pouco mais sobre o estresse, te proponho a pensar: que situações você anda vivendo que te fazem sentir estresse? Há quanto tempo você se sente pressionado? Tem sentido que seus batimentos cardíacos andam mais acelerados do que de costume? E quanto ao seu sono, anda dormindo bem?


É importante manter-se sempre atento a estes fatores de acordo com seu momento de vida e buscar ferramentas que lhe auxiliem a lidar com os cenários do dia a dia com mais leveza. A psicoterapia certamente é uma destas opções de auto cuidado.


Boa terapia!

 
 
 

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©2020 por Raphael Pinheiro.

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