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Prevenção em tons de amarelo: falando sobre suicídio

  • Foto do escritor: Raphael Pinheiro
    Raphael Pinheiro
  • 21 de set. de 2020
  • 3 min de leitura

Dentre as quatro estações, a primavera é vista por muitos como a estação mais agradável do ano: temperaturas amenas, melhora na umidade do ar e paisagens floridas são características que aguardamos com a chegada do mês de setembro. Assim como a florada em um campo de girassóis, esse mês também nos presenteia desde 2003 (no Brasil desde 2015), com a oportunidade de discutirmos mais sobre outro tema voltado à saúde mental: o suicídio e sua prevenção.

Por que falar sobre isso?


Argumentos não faltam para considerar o suicídio como tema primordial a ser discutido. Para se ter uma ideia, o tempo que você levou para ler até aqui é o mesmo intervalo que leva para ocorrer uma tentativa no mundo (1 suicídio a cada 40 segundos). Se isso já não te impressiona, podemos ir além: dentre todas as causas de morte no mundo, o suicídio ocupa a 20ª posição, matando mais que câncer de mama, malária, guerras e homicídios, com estimativa de 800.000 mortes por ano (OMS, 2019).


Falar sobre o suicídio também permite que uma maior parcela da população compreenda melhor sobre traços de sofrimento mental e também que esse fenômeno representa mais do que o ato propriamente dito, visto que por detrás de uma tentativa ou ideação, há por vezes histórico de violência doméstica, abandono, rejeição, tristeza, culpa, dentre outros. De certa forma, todos nós podemos ter passado por situações muito adversas em nossas vidas, porém para o indivíduo que idealiza o suicídio, há mais medo de se viver do que de morrer, e isso muda bastante nossa perspectiva sobre a dor.


Na psicologia, partimos do princípio de que viver é uma experiência única, mesmo em se tratando de indivíduos inseridos na mesma cultura e até na mesma família. E assim como vivemos de maneira única, também sofremos de maneira única. Portanto buscar não julgar a dor de terceiros a partir das suas próprias referências é uma boa maneira de se aproximar e até de prevenir comportamentos como o que tratamos nesse texto.

Por que não falar sobre isso?


Pode parecer estranho um tópico como esse, mas o tema do suicídio desperta tabus desde a Idade Média quando o comportamento de retirar sua própria vida passou a ser visto como pecado, e posteriormente a partir do saber médico que classificaria tal comportamento como “loucura”. Adianto que a morte por si só já se caracteriza como um tabu, o que dificulta o acesso a informação e adiciona certo caráter de transgressão imposto àquele que pensa em tirar sua própria vida.


  • Falar sobre suicídio é colocar ideia na cabeça das pessoas: Falso. Ninguém tira sua própria vida porque ouviu comentarem sobre o tema, e sim porque sua vida está desorganizada, ou porque a dor de sua perda é forte demais, enfim. Pense na possibilidade de manter contato com a pessoa e encorajá-la a buscar por atendimento.

  • Tentar tirar a própria vida é "querer chamar atenção": Falso. A pessoa que atenta contra sua vida já deu sinais de que está em sofrimento, e pode não ter sido ouvida/compreendida. Além disso, perante tamanha carga de sentimentos ruins, o indivíduo passa a viver um conflito/indecisão quanto a sua decisão, portanto o que é visto como tentativa de atrair atenção, para nós pode ser visto como um chamado de socorro.

E o que fazer com tudo isso?


Segundo a OMS, a melhor maneira de reduzir as taxas de tentativa de suicídio é por meio de trabalho preventivo, escuta qualificada e atenção multidisciplinar. Parece simples, mas não é. Como exemplo, temos o continente americano que apresentou crescimento de casos entre 2010 e 2016 na ordem de 6%.


Existem diversos recursos disponíveis que podem auxiliar a pessoa em sofrimento, e algumas delas já foram comentadas no decorrer do texto. Para além de atenção e acolhimento no dia a dia, o CVV – Centro de Valorização da Vida – promove atendimentos telefônicos gratuitos pelo 188, disponibilizando um espaço de escuta importante e também um canal de “desabafo”. Alguns casos demandam maior atenção, surgindo a psicologia como importante ferramenta, assim como a psiquiatria para casos que demandem intervenção medicamentosa. Por fim, perante episódios mais agudos, o encaminhamento ao Hospital pode ser a melhor saída para o momento de crise.


Manter-se em uma postura aberta e interessada em ouvir permite ao sujeito em sofrimento sentir-se valorizado em sua fala, afinal uma escuta cordial serve como ferramenta para reduzir a angústia e o sofrimento que alimentam o desespero suicida. A psicologia surge como espaço para dar voz à angústia que é se viver, tanto para o sujeito com comportamento suicida quanto também aos amigos e familiares preocupados ao seu entorno.


 
 
 

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@psicoraphaelpinheiro

Atenção: Este site não oferece tratamento ou aconselhamento imediato para pessoas em crise suicida.
Em caso de crise, ligue para 188 (CVV) ou acesse o site www.cvv.org.br. Em caso de emergência, procure atendimento em um hospital mais próximo.

©2020 por Raphael Pinheiro.

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